Mad Men: Termina a série que foi o melhor drama da TV dos últimos anos
Quando Mad Men estreou, a série surpreendeu pela qualidade de seu roteiro e direção, de nível HBO, mesmo em uma emissora ainda pequena (AMC). A série de Matthew Weiner (criador de Família Soprano) demorou a ser adotada por uma emissora por não ter personagens carismáticos aos olhos dos executivos. E eles tinham razão, olhando friamente a grande maioria dos personagens são porcos capitalistas machistas desprezíveis, principalmente o protagonista. Quem iria apostar em uma série assim?
AMC comprou a ideia, o elenco formado basicamente por atores desconhecidos, começou aos poucos a construir os personagens e dar vida a um dos dramas mais bem escritos e dirigidos da história da TV. E depois de 7 temporadas, depois de sobreviver a uma greve de roteiristas e de resistir aos constantes cortes de verbas, a série encerrou as histórias de seus personagens e me deixou órfão, mas com um sentimento de uma mãe que vê seus filhos indo embora de casa para realizar seus sonhos.
Começamos a ver o desprezível Don Draper (Jon Hamm) através de suas ações apenas na superfície. Um homem da publicidade que vende a felicidade através de suas ideias brilhantes de campanhas mas não consegue achar isso para si. A cada novo episódio das 7 temporadas entendíamos melhor suas motivações e as razões de seus surtos.
Vimos a Peggy Olson (Elisabeth Moss) brigar por seu espaço e crescer em meio ao mundo dos homens. Pete Campbell (Vincent Kartheiser) surgir como um menino mimado e aprender (da maneira mais difícil) a ser um homem. Betty Francis
(January Jones) enfrentar o seu próprio machismo e confrontar seus traumas. Joan Harris (Christina Hendricks) aprendendo a lidar com seu corpo e suas relações abusivas e mostrando que o feminismo não exclui feminilidade. E tantos outros personagens interessantes que vimos surgir e partir no decorrer desses 8 anos de série.
E no final vimos algumas conclusões interessantes (e emocionantes!). Desde a primeira temporada descobrimos a identidade real de Don Draper. E durante toda a série ele viveu em conflito com essa identidade falsa e com o seu 'eu' verdadeiro. Diversas pessoas (principalmente mulheres) passaram pela vida de Don e ele deixou um rastro de destruição por onde passou. E, sem querer dar spoilers, a conclusão dessa história é catártica.
O final é um pouco inconclusivo se observado friamente, mas Mad Men nunca foi de fazer conclusões. Da gravidez de Peggy à história da mãe do Pete, muitas vezes nós ficamos sem entender como terminam as histórias. E assim é nossa vida. Muitas vezes não entendemos como as coisas acontecem, o que acontece com as pessoas. Como expectadores, tudo que podemos fazer é assistir e ver trechos das vidas de cada um desses personagens. E conforme vamos ver mais, vamos vendo outro personagem, e outro, e outro... até percebermos o emaranhado de acontecimentos e relacionamentos que a vida é.
Nós não escolhemos o que nós vemos e não escolhemos para onde vamos. Nós só prosseguimos no carrossel da vida. E assim como a vida, Mad Men é um carrossel.
A série "Mad Men" completa está disponível no Netflix.
Veja o trailer legendado da série abaixo:
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