Jogos artísticos: relaxe e jogue.
Há um tempo atrás, alguém falar que um jogo de video-game poderia ser uma forma de arte poderia despertar risos. Mesmo hoje, muitos ligam os jogos a algo infantil ou violento que alimenta psicopatas, como no caso do atirador de Sandy Hook nos Estados Unidos, ou de Realengo, no Rio de Janeiro. As pessoas ainda pensam que os videogames são 75% violentos 25% sexistas e misógenos.
Como toda manifestação artística, os jogos possuem seu lado trash e seu lado mais high profile. E cada vez mais os jogadores se preocupam muito com a fotografia, as grandes histórias, o desenvolvimento de personagens e com a estética.
Além disso, nos jogos há uma espécie de identificação com o seu personagem que outros meios de comunicação nunca serão capazes de replicar. Em um jogo, o jogador se faz sujeito, sem a interferência por vezes tirana do ponto de vista do diretor no cinema ou a retenção do autor em detalhes nos livros. Em outras mídias, a ponte de empatia vem do público trazendo a sua própria experiência de vida à narrativa. O jogo pode quebrar essa divisão entre revelador e observador, fazendo do jogador um cúmplice, responsável pelas escolhas feitas. Isso permite uma sensação de uma narrativa única, uma jornada emocional.
Abaixo relacionei alguns dos melhores jogos nesse sentido que me marcaram. Verdadeiras obras de arte narrativas para jogar e relaxar (e se emocionar).
Não é a toa que Portal se tornou referência quando se fala de jogos artísticos e narrativas ricas. Principalmente a seguência (Portal 2) que fecha todas as linhas narrativas apresentadas no primeiro jogo. Portal me fez sorrir e gargalhar do início ao fim (e o modo cooperativo é ainda melhor). E o final é incrivelmente bem feito. A ponto de me deixar com os olhos cheios de lágrimas. A trilha sonora e os temas dos personagens são maravilhosos. "Want You Gone" e Aria Turret encerram o jogo de maneira maestral e catártica.
GLaDOS é certamente a minha personagem favorita de um jogo. O final foi muito 'bittersweet' e me marcou absurdamente.
Disponível para: X360, PC, PS3 e MAC.
Journey é uma espécie de sequência para o clássico artístico Flower (que ainda não joguei). É quase uma experiência transcendental. Parece que ele foi concebido mais como uma forma de relaxamento e meditação do que como uma competição. Journey mostra do que um jogo é capaz como experiência artística. Ele permite que o jogador se mova através de um conjunto de paisagens de uma beleza visual absurda e de áudio emocionante sem nenhuma instrução. Incentiva o jogador a agir por impulso, pela intuição. Ele transmite ao jogador a sensação de desorientação e esperança, que emergem de qualquer 'jornada' da nossa vida. O jogador capta a experiência emocional através do jogo. O tema e sua execução torna essa experiência impossível de se traduzir para cinema, música ou literatura, sendo o exemplo mais perfeito do jogo-como-experiência artística.
Disponível exclusivamente para PS3.
A história foi originalmente lançada em quadrinhos e posteriormente virou mini-série. Quem não conhece a versão em comic book pode pensar que o jogo se trata de um 'jogo de zumbis', mas na verdade é uma das narrativas mais envolventes e emocionantes já adaptadas para um jogo. The Walking Dead é dividido em 5 episódios, e possui um conceito cartunesco. O jogo brinca com o psicológico do jogador, dando possibilidades de escolhas significativas no diálogo e na ação que resultam em consequências completamente diferentes e aumentam a sensação de perigo. E ele não dá muito tempo para você pensar em suas escolhas.
Além disso, todos os personagens são muito bem construídos e fazem você se identificar e se emocionar. E dependendo de suas ações e escolhas alguns deles podem morrer prematuramente ou te acompanhar por mais tempo. Uma sensação arrepiante de profundidade e autonomia.
Disponível para: X360, PC, PS3 e MAC.
No quesito narrativa, esse é definitivamente um dos melhores jogos já lançados. Uma brilhante história de investigação de um serial killer. O jogador tem oportunidade de conhecer diferentes personagens complexos e jogar em primeira pessoa como 4 deles. A cada novo capítulo, há uma reviravolta e suas escolhas podem levar a finais completamente diferentes. Os gráficos também são muito realistas. As opiniões dos viciados em games a respeito de Hevay Rain são controversas, mas não há dúvida que é um dos clássicos no quesito jogos artísticos.
Disponível exclusivamente para PS3.
Uma fábula fantástica. Assim defino um dos melhores jogos de RPG já lançados. O coloco na categoria de jogos artísticos pela sua incrível narrativa e personagens muito bem construídos, coisa rara no segmento que preza muito mais pela jogabilidade. O jogador se envolve com seu personagem, fazendo-o evoluir de acordo com suas escolhas e com os relacionamentos que ele desenvolve. DAO é um grande exemplo de como recursos narrativos sofisticados podem ser integrados à jogabilidade através do desenvolvimento de personagens interessantes. Uma pena que a sequência não tenha a narrativa brilhante e os personagens envolventes e seja toda focada em melhoras na jogabilidade (culpa da maldita da EA).
Disponível para: X360, PC, PS3 e MAC.
O jogo pode se tornar difícil caso não opte por jogá-lo no modo 'easy', mas é um dos jogos mais 'bonitinhos' que já tive oportunidade de jogar. Okami é a concretização do conceito de jogo como forma de arte. Não é a toa que possui tantos fãs. Saltam aos olhos a linda combinação do estilo de pintura por pincel e por lavagem, conhecida como sumi-e em japonês, e cel-shading. Okami parece um livro vivo, como se os textos antigos estivessem voltando à vida enquanto você joga. Além dos gráficos, a sonoplastia e as músicas são extremamente emocionantes. Uma experiência artística única.
Disponível para: Wii, PS2 e PS3 (em HD).
Definitivamente não se enquadra no quesito relaxante. Não mesmo. É o extremo oposto disso. É MUITO tenso. Mas é um dos jogos icônicos no quesito jogos artísticos. Bioshock é o melhor exemplo de um jogo que pode fazer a categoria "jogos de video-game" ser culturalmente aceita como uma importante forma de entretenimento, expressão artística e pensamento. Sua popularidade é merecida e ainda serve de referência para designers de jogos e escritores na criação de narrativas filosóficas e jogabilidades interessantes. Bioshock mostra que jogabilidade e história não são duas entidades separadas, mas interligadas. E os gráficos são excelentes.
Disponível para: X360, PC, PS3, MAC e Blackberry.
Ainda preciso experienciar outros jogos muito elogiados como toda a série Mass Effect, Shadow of the Colossus e o premiado Catherine. Provavelmente esse post ainda terá uma parte 2.
Sugestões são sempre bem-vindas! :)
Como toda manifestação artística, os jogos possuem seu lado trash e seu lado mais high profile. E cada vez mais os jogadores se preocupam muito com a fotografia, as grandes histórias, o desenvolvimento de personagens e com a estética.
Além disso, nos jogos há uma espécie de identificação com o seu personagem que outros meios de comunicação nunca serão capazes de replicar. Em um jogo, o jogador se faz sujeito, sem a interferência por vezes tirana do ponto de vista do diretor no cinema ou a retenção do autor em detalhes nos livros. Em outras mídias, a ponte de empatia vem do público trazendo a sua própria experiência de vida à narrativa. O jogo pode quebrar essa divisão entre revelador e observador, fazendo do jogador um cúmplice, responsável pelas escolhas feitas. Isso permite uma sensação de uma narrativa única, uma jornada emocional.
Abaixo relacionei alguns dos melhores jogos nesse sentido que me marcaram. Verdadeiras obras de arte narrativas para jogar e relaxar (e se emocionar).
1. PORTAL e PORTAL 2
No início do jogo você controla uma personagem que acorda em uma espécie de aquário, com a porta se abrindo. A tela em primeira pessoa, não há pistas do que deve ser feito, não há memória, não há história narrada. Você encontra uma espécie de arma que abre portais, e precisa resolver alguns quebra-cabeças para seguir em frente. Parece bobo, estranho, até você começar a perceber elementos e fragmentos da história. E no fim, você terá experienciado uma das narrativas mais incríveis que já experienciei em toda minha vida. Não é a toa que Portal se tornou referência quando se fala de jogos artísticos e narrativas ricas. Principalmente a seguência (Portal 2) que fecha todas as linhas narrativas apresentadas no primeiro jogo. Portal me fez sorrir e gargalhar do início ao fim (e o modo cooperativo é ainda melhor). E o final é incrivelmente bem feito. A ponto de me deixar com os olhos cheios de lágrimas. A trilha sonora e os temas dos personagens são maravilhosos. "Want You Gone" e Aria Turret encerram o jogo de maneira maestral e catártica.
GLaDOS é certamente a minha personagem favorita de um jogo. O final foi muito 'bittersweet' e me marcou absurdamente.
Disponível para: X360, PC, PS3 e MAC.
2. JOURNEY
Journey é uma espécie de sequência para o clássico artístico Flower (que ainda não joguei). É quase uma experiência transcendental. Parece que ele foi concebido mais como uma forma de relaxamento e meditação do que como uma competição. Journey mostra do que um jogo é capaz como experiência artística. Ele permite que o jogador se mova através de um conjunto de paisagens de uma beleza visual absurda e de áudio emocionante sem nenhuma instrução. Incentiva o jogador a agir por impulso, pela intuição. Ele transmite ao jogador a sensação de desorientação e esperança, que emergem de qualquer 'jornada' da nossa vida. O jogador capta a experiência emocional através do jogo. O tema e sua execução torna essa experiência impossível de se traduzir para cinema, música ou literatura, sendo o exemplo mais perfeito do jogo-como-experiência artística.
Disponível exclusivamente para PS3.
3. THE WALKING DEAD
A história foi originalmente lançada em quadrinhos e posteriormente virou mini-série. Quem não conhece a versão em comic book pode pensar que o jogo se trata de um 'jogo de zumbis', mas na verdade é uma das narrativas mais envolventes e emocionantes já adaptadas para um jogo. The Walking Dead é dividido em 5 episódios, e possui um conceito cartunesco. O jogo brinca com o psicológico do jogador, dando possibilidades de escolhas significativas no diálogo e na ação que resultam em consequências completamente diferentes e aumentam a sensação de perigo. E ele não dá muito tempo para você pensar em suas escolhas.
Além disso, todos os personagens são muito bem construídos e fazem você se identificar e se emocionar. E dependendo de suas ações e escolhas alguns deles podem morrer prematuramente ou te acompanhar por mais tempo. Uma sensação arrepiante de profundidade e autonomia.
Disponível para: X360, PC, PS3 e MAC.
4. HEAVY RAIN
No quesito narrativa, esse é definitivamente um dos melhores jogos já lançados. Uma brilhante história de investigação de um serial killer. O jogador tem oportunidade de conhecer diferentes personagens complexos e jogar em primeira pessoa como 4 deles. A cada novo capítulo, há uma reviravolta e suas escolhas podem levar a finais completamente diferentes. Os gráficos também são muito realistas. As opiniões dos viciados em games a respeito de Hevay Rain são controversas, mas não há dúvida que é um dos clássicos no quesito jogos artísticos.
Disponível exclusivamente para PS3.
5. DRAGON AGE: ORIGINS
Uma fábula fantástica. Assim defino um dos melhores jogos de RPG já lançados. O coloco na categoria de jogos artísticos pela sua incrível narrativa e personagens muito bem construídos, coisa rara no segmento que preza muito mais pela jogabilidade. O jogador se envolve com seu personagem, fazendo-o evoluir de acordo com suas escolhas e com os relacionamentos que ele desenvolve. DAO é um grande exemplo de como recursos narrativos sofisticados podem ser integrados à jogabilidade através do desenvolvimento de personagens interessantes. Uma pena que a sequência não tenha a narrativa brilhante e os personagens envolventes e seja toda focada em melhoras na jogabilidade (culpa da maldita da EA).
Disponível para: X360, PC, PS3 e MAC.
6. OKAMI
O jogo pode se tornar difícil caso não opte por jogá-lo no modo 'easy', mas é um dos jogos mais 'bonitinhos' que já tive oportunidade de jogar. Okami é a concretização do conceito de jogo como forma de arte. Não é a toa que possui tantos fãs. Saltam aos olhos a linda combinação do estilo de pintura por pincel e por lavagem, conhecida como sumi-e em japonês, e cel-shading. Okami parece um livro vivo, como se os textos antigos estivessem voltando à vida enquanto você joga. Além dos gráficos, a sonoplastia e as músicas são extremamente emocionantes. Uma experiência artística única.
Disponível para: Wii, PS2 e PS3 (em HD).
7. BIOSHOCK
Definitivamente não se enquadra no quesito relaxante. Não mesmo. É o extremo oposto disso. É MUITO tenso. Mas é um dos jogos icônicos no quesito jogos artísticos. Bioshock é o melhor exemplo de um jogo que pode fazer a categoria "jogos de video-game" ser culturalmente aceita como uma importante forma de entretenimento, expressão artística e pensamento. Sua popularidade é merecida e ainda serve de referência para designers de jogos e escritores na criação de narrativas filosóficas e jogabilidades interessantes. Bioshock mostra que jogabilidade e história não são duas entidades separadas, mas interligadas. E os gráficos são excelentes.
Disponível para: X360, PC, PS3, MAC e Blackberry.
Ainda preciso experienciar outros jogos muito elogiados como toda a série Mass Effect, Shadow of the Colossus e o premiado Catherine. Provavelmente esse post ainda terá uma parte 2.
Sugestões são sempre bem-vindas! :)
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